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08/06/2010

Secção Lisboa esquecida...

"Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores...
À força de diferente, isto é monótono.
Como à força de sentir, fico só a pensar.
Se, de noite, deitado mas desperto,
Na lucidez inútil de não poder dormir,
Quero imaginar qualquer coisa
E surge sempre outra (porque há sono,
E, porque há sono, um bocado de sonho),
Quero alongar a vista com que imagino
Por grandes palmares fantásticos,
Mas não vejo mais,
Contra uma espécie de lado de dentro de pálpebras,
Que Lisboa com suas casas
De várias cores.
Sorrio, porque, aqui, deitado, é outra coisa.
A força de monótono, é diferente.
E, à força de ser eu, durmo e esqueço que existo.
Fica só, sem mim, que esqueci porque durmo,
Lisboa com suas casas
De várias cores. "


Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa





Lisboa... cidade de poetas, de artistas... de turistas!
Lisboa cidade de mendigos, de familias e amigos.
Lisboa triste, inquieta e soalheira...
Lisboa quente, alegre e de quem queira!

Passos de vida, de rapidez... de pressa!
Passos de criança, de uma beleza dispersa.
Passos de lembrança, esquecimento e saudade...
Passos de quem vive ou viveu a mocidade.

Lisboa acorda fria,
Lisboa abre-se ao sol, ao calor e à alegria.
Lisboa que à noite, sentimentos, acolhe em si,
Lisboa... como eu outrora te vi!

Passos de criança, de jovem e de adulto.
Passos de varredor, motorista e doutor.
Passos de apenas um vulto...
Passos de quem se abre ao amor.

Lisboa de mil amores,
Passos em ti palmilhados.
Lisboa que vives com fervor
Passos dos caminhos encruzilhados!

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