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É importante

22/06/2010

Em busca...

"Segue inquieto... mas e por onde? Ou para onde? Vai ao sabor do vento... das ondas que o transportam livremente com a sua força que o deixam tonto e perdido!
Sim! Um dia foi feroz, voraz, decidido e persistente... lutou com garra, unhas e dentes, como um animal que corre em busca da sua presa e a devora com a vontade de matar a fome de dias... Mas hoje perdeu-se! Parou e percebeu que o caminho não fazia mais sentido algum... mas voltar para trás, também não seria solução... então parou! Deteve-se na estrada... O medo... esse que andava sempre lado a lado com ele obrigou-o a desviar-se do caminho e esperar num abrigo que o fizesse sentir-se, minimamente, protegido...
O medo sempre foi o que mais o acompanhou... mas a insensatez e a inconsciência também fizeram parte de si e levaram-no a ir pelas ramificações do caminho que ia encontrando...

Xavier era um rapaz decidido... sabia bem onde queria estar e onde queria ir! Conhecia os limites de si , mas deixava-se perder facilmente nas mãos dos outros... a quem se entregava sem reservas e de quem esperava, nada mais nada menos que, a compreensão das suas atitudes e aceitação da sua presença e amizade! Afinal, o que queria era estar presente e poder estar para os outros! Sempre irredutível na procura dos seus ideais e arrogante quando o tentavam impedir... Orgulhoso das suas intenções e atitudes... Desiludido com a rejeição e ignorância dos que o rodeavam...

Nesse dia em que se perdeu, chorou! Sentou-se na beira da estrada... tinha consigo apenas ele próprio, a chave do carro e a roupa que trazia no corpo, molhada pela chuva que descia do céu na sua direcção! Sentou-se a céu aberto entre duas árvores robustas, capazes de o abrigar da chuva... mas Xavier precisava sentir que algo o tocava... precisava sentir-se vivo e acompanhado. Deixara o telemóvel no banco, a seu lado, no carro... a carteira mantinha-se no porta-luvas... vazia; trazia apenas os documentos pessoais, os do carro e o cartão multibanco. Deixara todo o dinheiro em casa... mantinha a tenda no porta-bagagens e a manta estava lado a lado, arrumada com a toalha, os calções e chinelos de praia... Não trouxera comida, água... bens essenciais! Trouxera-se apenas a si para se encontrar... Procurava a seta que lhe indicasse o caminho... mas encontrou apenas mais dúvidas... mais atalhos...

Decidiu deter-se mais um pouco até que se levantou! Abriu o carro... deixou a chave no banco, tirou os ténis e as meias... colocou-os no tapete diante dos pedais. A noite começara a cair e o vento começava a levantar um pouco... despiu a t-shirt molhada... colocou-a em cima do capô! Bateu a porta e seguiu descalço pelos trilhos irregulares do atalho que levou. Os pés doíam-lhe, mas não mais que alma e continuou...

Parou inúmeras vezes no caminho... com medo, com dúvidas... perdido!

Xavier continuava a caminhar...


(...)"

1 comentário:

  1. Há muitos "Xavieres" por aí... Aliás, pelo menos uma vez na vida todos nos sentimos como o Xavier! O importante é mesmo continuar a andar, por mais que a alma doa e os pés sangrem! Porque enquanto andamos, crescemos e aprendemos e, o que se diz é bem verdade, a maior parte das vezes não é o destino que interessa... O que faz de nós o que somos é o caminho que percorremos!

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